segunda-feira, 30 de dezembro de 2013






MÁQUINA E IMÁGINÁRIO  (Atividade -2 T-1) Reflexões e Questiones sobre as diferentes posições de Arlindo Machado

 1 Nos anos sessenta vem a florescer as chamadas estéticas informacionais, que visam a construir os modelos matemáticos rigorosos, capazes de avaliar (quantificar a informação estética contida num objeto dotado de qualidades artísticas), tratando de tornar-se objetivo, racional, “científica” a apreciação do objetivo artístico, a ponto de se poder formular algoritmos, capazes de auxiliar programas de computadores, de forma que uma composição plástica ou musical, não poderia mais ser avaliada com base em conceitos vagos e psicologizantes, tais como “expressão”, “emoção”, “inspiração”.
Esta tendência de Abraham Moles e Max Bense (exponentes mais conhecidos) julgava construir modelos probabilísticos universais, aplicáveis à produção estética da humanidade de qualquer tempo.

Refletindo com lógica na criação estética isto é completamente desfasado desde o ponto de vista da fundamentação da produção estética contemporânea.

As estéticas informacionais derivam, antes de qualquer existência material dos trabalhos criativos, resultando na consequência teórica inevitável de uma certa informatização da produção artística.
mundo, na medida que somos um reflexo da sociedade envolvida nos media.

 2  Arlindo Machado aplica o mesmo raciocínio de Walter Benjamin sobre a fotografia e o cinema em relação à Arte produzida com recursos tecnológicos, na medida que faz uma comparação com as novas tecnologias como formas de representação atual o seja como novos meios de expressão e representação artística no qual requer duma reformulação dos conceitos estéticos, nos seus novos linguagens.

 3 - A Segundo o autor Machado é claro que existe períodos de harmonia e de crises na relação entre Arte e Tecnologia,   esta relação que cada vez se faz mas estreita, como estiveram a Arte clássica Grega, onde não faziam qualquer distinção entre a Arte e a Técnica. Agora o próprio conhecimento científico parece também viver agora o seu “state of the art”, pois com atenção podemos perceber também que a Arte de nosso tempo não deixa de refletir problemas emergentes do universo das técnicas e ciências.

Esta relação estreita permite-nos rever as aproximações a momentos de crises e harmonia que, como é de esperar podem em determinado momento surgir por exemplo imagens de arte são cada vez mais científicas e as imagens da ciência são cada vez mais artísticas, neste sentido a pergunta que se faz habitualmente: é uma experiência da Arte ou da Ciência?.
Neste caso é importante destacar que a contextualização, a conceitualização e a fundamentação do intelecto artístico é quem faz com que determinadas imagens os elementos representativos (sejam estes elementos de som, iluminação, etc...), propostos pelos artistas em determinados espaços e momentos, as que despertam sensações e provocam reflexões sobre os diferentes elementos a desenvolver por o autor, é ali onde radica a importância e a verdadeira obra de arte, na forma de provocar reflexão e interesses no espectador.

 3 - B O paradoxo que vive a Arte produzida no coração da Tecnologia, na sua contradição não é importante de resolver. A Arte que está a ser produzida pela tecnologia deve esperar a sua verdadeira revolução cultural como foi a fotografia e o cinema no seu tempo.

Pois as máquinas (computadores) sem um projeto cultural estético, correm o risco de cair rapidamente no vazio, a alma como são os artistas que contribuem para  legitimar a tecnologia (sociedade industrial) que corresponde a vitalidade critica-criativa dos produtos tecno-artísticos.


 4 - Arlindo Machado expõe o pensamento de Villém Flusser, sobre o papel do artista na era das máquinas como um 
mero operador de essas máquinas, assim na era da informação o artista se reduz a um funcionário da transmissão.

Isso é relativo se permitimos que as repetições constantes, onde as máquinas de função simbólica estão programadas para produzir, objetos significantes segundo modelos previamente inscritos.
Agora o papel do artista esta essencialmente em rever como introduze novos elementos que aportem sensibilidade e novas formas de representar (comunicar), segundo o contexto de transgressão e criação de novos paradigmas de pensamento.

 5 - Quando se expõe que “Sem a intervenção desse imaginário radical, as máquinas sucumbem nas mãos dos funcionários da produção, que não fazem senão preenchê-las com conteúdos de mídias anteriores, repetindo em linguagens novas soluções já cristalizadas em linguagens mais antigas” , está a rever-se o paradoxo da tecnologia quando a obra de arte é produzida no coração da tecnologia, mais é papel dos artistas operadores por excelência  das linguagens, exploradores de fronteiras, reinventores de formas e sobretudo o de desencadear possibilidades novas , insuspeitadas, até mesmo para além dos limites e das finalidades do próprio meio como o cita Santaella.

Os artistas utilizaram a tecnologia de forma que elas se adeqúem em grande percentagem as exigências da obra de arte (do artista) e não os artistas adequar-se totalmente a tecnologia, superpor a metodologia tecnológica por cima do conceito e sua fundamentação.

 6 - As Máquinas Semióticas, segundo Machado são aquelas dedicadas prioritariamente a tarefa de representação, desempenhando um papel fundamental na atividade simbólica do homem contemporâneo, porque elas têm uma eloquência própria. Elas determinam modos de percepção, elas incluem ideologias pelo que tem de “saber”, pela maneira particular de formar sensível o mundo de que elas são e pela sua específica resolução do problema da codificação desse mesmo mundo.

 7 - As duas limitações que comprometem a argumentação das críticas da fusão Arte/tecnologia que o autor Arlindo Machado aponta que comprometem a argumentação das críticas da fusão Arte/Tecnologia que o autor Arlindo Machado aponta em primeiro lugar a crítica aos determinismos da máquina pode ser aplicada a qualquer tipo de processo de produção referendo certamente ao dobrar-se as determinações de sua matéria e as possibilidades de intervenção de seus instrumentos de trabalho, onde o fazer está delimitado pelo uso da técnica e o manuseamento do material, a transformar no processo de criação.

Ainda apesar disso, existe a possibilidade de impor uma transfiguração na criação o seja criar algo que represente o que não poderia de outra forma comunicar.
A segunda limitação esta na forma de rever os modelos probabilísticos inscritos na máquinas e processos técnicos, seja algo que se pode medir ou quantificar e resumir numa tabua de possibilidades, onde é óbvio que não se pode fechar os sistemas simbólicos a essa simplicidade. Que existem limites de manipulação em toda máquina ou processo técnico, é algo que só podemos ter uma constatação teórica, pois na pratica esses limites se mostram sempre em expansão continua, pois as suas possibilidades não se esgotam, pelo contrario com o desenvolvimento tecnológico, cada vez as possibilidades se expandem mais.


 8 - As mudanças ocorridas com a Arte Tecnológica, no que diz respeito ao papel desempenhado pelo autor Arlindo Machado na criação artística começam com adaptação das novas ferramentas tecnológicas e a aplicação delas no processo de desenvolvimento e criação das obras como se explica nos pontos anteriores, o artista (criador) deve fazer a transgressão ao campo da liberdade de projetar o seu trabalho nas amplias possibilidades da tecnologia, propondo deixar ao lado a sobreposição da hipotética inteligência artificial sobre o seu planeamento em desenvolvimento evitando cair na repetição, de modo de desencadear o progresso do pensamento.

Existem varias propostas que são rebatidas por Arlindo Machado como por exemplo a de Bernard Schiele, que faz a conclusão de que a tecnologia “exerce uma censura estrutural sobre a expressão plástica, onde o artista esta condenado a respeitar um dispositivo técnico em relação ao qual não há muito o que fazer”.
Certamente a Tecnologia tive uma evolução na sua forma de assumir-lha como meio de representação, na medida que foi evoluindo como foi a fotografia e o cinema nos inícios, onde os criadores explorarão as suas diversidades tornando-se Arte, como Miélès que fundou o cinema como Arte  e industria cultural, transformando o cinema num veículo mágico para uma viagem sem precedentes aos domínios do imaginário.
Agora com os experimentos estéticos no âmbito das tecnologias de avançada (implicando inteligências múltiplas), linguagens de programação, (implicando compiladores e sistemas escritos para outros fins), algoritmos (ideias desenvolvidas por outros criadores), pacotes de programas (portanto, o know how  de um programador), bases de dados (programas, modelos, objetos disponíveis numa memória “pública”), etc. colocando a Arte numa prática social de uma extensão nunca antes experimentada.

 9 - As mudanças no estatuto do receptor com o surgimento da arte tecnológica é a interação, já que o “espectador” cada vez é menos passivo, ele participa em algumas obras de manipulação e intervenção, a recepção é por tanto incorporada ao circuito produtivo como um mecanismo de dialogo, responsável pela consistência do produto final, nas suas várias manifestações.



Hernando Urrutia


- “Máquina e Imaginário”, de Machado Arlindo (1993): O desafio das poéticas tecnológicas. São Paulo, Editora da Universidade de São Paulo.